Museu da Fotografia Fortaleza celebra aniversário com exposição inédita na cidade

Celebração do Dia dos Mortos, tradição do México
Legenda: Celebração do Dia dos Mortos, tradição do MéxicoFoto: Daniel Taveira

Em março, o Museu da Fotografia Fortaleza (MFF) comemora seis anos de atividades. Nesse período, o equipamento cultural se consolidou como território de acesso à arte fotográfica no Ceará. Para celebrar a data, o espaço inaugura a exposição “Homo Sapiens – O Homem que Sabe o que Não Sabe”.

Com fotos de Daniel Taveira e curadoria de Diógenes Moura, a mostra leva o público para um passeio único por terras estrangeiras. Cerca de 80 fotografias capturam as manifestações culturais e cenas cotidianas de nações como Etiópia, Israel, Índia e México. A abertura é neste sábado (11), a partir das 10h.

A programação ainda inclui palestra com o fotógrafo e o curador, seguida de sessão de autógrafos da obra “Minhocão”, novo livro de Diógenes Moura, que estará à venda no local. O acervo reunido capturou práticas de rituais como um fio condutor da presença humana.

“É uma exposição que fala sobre humanidades, sobre crença, sobre rituais, sobre a ausência absoluta, esse oco que existe dentro de nós de encontrar um sentido para nossa existência”, descreve, em nota, o curador Diógenes Moura. 

VIAGEM PELO MUNDO

A exposição inicia a jornada pela Etiópia, país mais antigo da África, berço cultural da humanidade e onde ocorreu a primeira identificação do Homo sapiens. Da Índia, Daniel Taveira traz verdades solidificadas em percepções e registros imagéticos, que redefiniram sua crença. 

Outro destaque são as fotos dos “Naga Sadhus”, os porta-vozes de Deus, seres com aspectos quase sobrenaturais e conhecidos pelas penitências extravagantes, entre elas, a celebração do próprio funeral. 

Da passagem de Taveira por Israel, o público testemunhará imagens de um país repleto de contrastes. De um lado, a religiosidade das muitas crenças, competindo num misto de religião, raça e política, muitas vezes irreconciliáveis entre os muros da antiga cidade de Jerusalém. 

A visitação termina na sala dedicada à celebração do “Dia dos Mortos”, tradição do México para lembrar os entes queridos com muita música. Altares são decorados com flores de calêndula amarelas brilhantes, fotografias dos que se foram, comidas e bebidas favoritas do homenageado.

A ARTE DE FOTOGRAFAR

Daniel Taveira atua com fotografia há cerca de dez anos. Para o realizador, a curiosidade é um dos componentes essenciais. Natural de Tocantinópolis (TO), deixou a carreira na área de Finanças e mudou-se para o México, onde conheceu a renomada fotógrafa Nadine Markova e se tornou seu discípulo. 

Sob a influência de Markova, desenvolveu um processo fotográfico de captar a singularidade do cotidiano por meio de cores, formas, expressões e, principalmente, emoções. 

A fotografia solidifica a realidade cruel, em outro momento retrata a falsa beleza da própria existência, onde o nosso subconsciente começa a trabalhar de forma apreciativa. Ela também consegue me iludir, assim como me traumatizar, rapidamente me jogando dentro do ensurdecedor silêncio do óbvio”, compartilha.

Diógenes Moura é escritor, curador de fotografia, roteirista e editor independente. Foi semifinalista do Prêmio Oceanos de Literatura com “O Livro dos Monólogos [Recuperação para Ouvir Objetos]”. É também autor do romance “Vazão 10.8 – A última Gota de Morfina”, que está sendo adaptado para o cinema pelo diretor Beto Brant. 

Diógenes tem relação próxima com o Museu da Fotografia Fortaleza. Além da mostra comemorativa dos seis anos do espaço, também assina a curadoria das exposições de longa duração, “O Olhar Não Vê. O Olhar Enxerga” e “Não Danifique os Sinais”. Foi curador de “Estranhamentos – fotografias de Boris Kossoy” e de “Estúdio de Arte Irmãos Vargas encontra Martín Chambi”. 

Diário do Nordeste – Escrito por Redação, 10:00 – 09 de Março de 2023.VERSO

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